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A Arquitectura e Design de Interiores é muito relevante nas novas plataformas digitais. Milhões de imagens, ideias e conceitos são bombardeados nos ecrãs dos utilizadores, implantando idealizações. Na realidade, a implementação funciona de uma forma diferente, o factor cultural, o património imóvel e a própria experimentação do que é uma casa, são determinantes para o sucesso desta “internacionalização”. Neste artigo, exploramos como este fenómeno afeta, a forma como se pensa e executa, os projectos de arquitectura nas cozinhas modernas.

A evolução da cozinha contemporânea

Até há pouco tempo, as cozinhas na Europa eram predominantemente áreas fechadas ou limitadas, e circunscritas à sua função essencial. Estes espaços foram concebidos dentro de um contexto, onde a divisão e a adaptação dos diferentes espaços de habitar, era estática e limitada pelas áreas possíveis que os imóveis permitiam.

Nos dias que correm, com a presença de milhões de pessoas em redes sociais, é cada vez mais notória uma exposição às tendências internacionais. Influenciar e ser influenciado são palavras de ordem, mesmo que isso resulte em experiências e mudanças culturais e estéticas menos conseguidas ou eficazes.

Cozinha Moderna - Design Contemporâneo

Cozinha do Projecto Freitas Reis 33

A “moda” e pressão visual, encaminhou a tendência, no sentido da apropriação de inúmeros conceitos, e estando a “ilha”, no centro da experimentação da cozinha aberta americana, acabou por ser importada para a realidade europeia.

Em Portugal, quando a expansão de Lisboa acontece para os novos bairros – chamados habitualmente de Avenidas Novas – a disposição interna dos espaços sofreu poucas mudanças, mantendo em parte o paradigma que transitava, de existir uma zona de cozinha, ao qual estavam associados uma casa de banho de serviço e um quarto para a empregada.

Com a evolução do paradigma da vida familiar, em que a empregada deixa de ser residente em muitos casos, deu origem a casos criativos, e outros não tanto, da apropriação desses espaços.

Tornava-se necessário uma nova visão da casa e da experiência da mesma, algo que surgiu mais tarde, nas novas construções a partir dos anos 2000.

Comparando esta realidade com a dos EUA, excluindo os grandes centros urbanos, é comum encontrarmos casas com áreas generosas, muitas acima dos 500m2, o que para o cenário Europeu, será um imóvel de excelentes dimensões.

Cozinha Moderna - Design Contemporâneo

Cozinha do Projecto Maestro Taborda

Estas diferenças levam a uma perspetiva díspar perante a função da cozinha e do modo como se vive o espaço de cozinhar. A constante presença de imagens, e das possibilidades de vivência do espaço aberto, tornaram-se catalisadores de mudança no cenário nacional.

Ao tornar o acto de cozinhar algo mais aprazível e social, procurou-se ter mais espaço para que a relação entre confeção e convívio fosse mais evidente. Assim, no final da década de 90, estes espaços passaram a relacionar-se de forma directa e aberta com as zonas de estar, permitindo que áreas de 10 ou 12m2 passassem a ter 30m2 por exemplo.

Cozinha Moderna - Design Contemporâneo

Cozinha do Projecto Brighton 17

Contemplando esta ampliação, a ilha tornou-se num objeto mais interessante, pois serve de elemento unificador, zona de confeção e/ou refeição, e em alguns casos, como objecto estético no espaço.

Podemos concluir, que nos últimos 30 anos se assistiu a uma mudança no paradigma da vivência do espaço de cozinhar e da maneira como se encaram as cozinhas modernas. O que permitiu a implementação de conceitos até agora distantes, e que na entrada do século XXI se incorporam perfeitamente nas intenções das novas famílias.

Quando a estética acrescenta à função

Frequentemente somos confrontados com clientes que nos procuram com a ideia de implementar um conceito de ilha ou península no processo da remodelação da cozinha.

Contudo, a nossa experiência ao longo dos anos leva-nos a questionar à priori esta intenção, porque uma ilha funciona bem quando a área disponível o permite, ou quando se assume como complemento e não como finalidade estética em si.

Cozinhas Modernas - Design Contemporâneo

Cozinha do Projecto Freitas Reis 33

Ensaiámos, com motivações conceptuais, uma ilha de grandes dimensões que alberga a zona de lavagem, cozinhar e tomar as refeições para o projecto Freitas Reis 33. Um objecto que se relaciona com o espaço, mas que rapidamente tornou evidente a necessidade de se conceber uma zona estática, para albergar eletrodomésticos essenciais e arrumação secundária.

É imprudente conceber uma cozinha a partir de apenas uma obsessão estética.

O processo deverá ser iniciado sempre pela questão da otimização do espaço, e se o tema da ilha surgir, que seja dessa reflexão, nunca antes.

O caso do projecto Chalet na rua Lido

Foi uma resposta clara ao processo de procura de otimização. O espaço destinado à cozinha possui várias paredes com janelas, que acabaram por dificultar a criação de zonas de arrumação de maior escala. Nesse sentido, a resposta mais óbvia foi centralizar os espaços mais importantes (confeção e refeição) numa ilha de dimensões generosas.

Cozinhas Modernas - Design Contemporâneo

Cozinha do Projecto Chalet na Rua do Lido

O resultado final foi muito positivo, acabando por se produzir uma simbiose entre o elemento ilha e a entrada da casa. Existe a possibilidade de ocultar o espaço da cozinha com uma porta de correr de grande escala, mas quando esta está aberta, a relação estética dos materiais e espaços é elegante e confortável.

Estética e função apresentam-se com frequência de forma dicotómica, porém na nossa maneira de conceber um espaço de cozinha, não vemos uma oposição, mas sim uma estreita relação. Sendo a função primordial e a estética surgindo como resposta eficaz. Form follows function continua um conceito vivo nos nossos tempos.

As características de uma cozinha moderna

A Commerzn assume como filosofia de criação o facto da indissociabilidade entre a estética e a função. Estética na relação da simetria, escala e proporção; Função na questão do uso, acesso e ergonomia.

Cozinhas Modernas - Design Contemporâneo

Esquisso da Cozinha do Projecto Chalet na Rua do Lido

Esta filosofia tem sofrido evoluções, em cada novo projecto existem pequenas nuances que são optimizadas, e redesenhadas para que o projecto seguinte seja ainda mais completo.

  • Ergonomia

Seja na concepção de acesso às gavetas, da resolução da zona de armazenamento, da zona dos lixos ou até de como um lava-loiças pode ser sempre alvo de melhoramentos.

  • Acessibilidade

Minimizámos a utilização de portas, porque acreditamos que o acesso em gaveta é mais confortável, aumentando a acessibilidade nas zonas de arrumação.

  • Arrumação

Procurámos mitigar as zonas de cantos, uma vez que tomam muito espaço e têm pouca rentabilidade. Dependendo da necessidade, podemos acrescentar ou não móveis superiores para a cozinha ganhar arrumação ou assumir esta zona como espaço mais estético e livre.

Considerações finais

Cada caso é um caso, um desafio, mas temos realizado exercícios onde a liberdade estética tem sido possível, nomeadamente sobre o peso e a leveza. Tornar uma bancada ou uma ilha, zona preponderante e central, complementada por uma estrutura metálica leve que permite arrumação aberta e livre. Criar uma dinâmica directa entre os utensílios e o espaço total.

A preocupação estética nunca deve comprometer a função. A praticidade de uma cozinha é o resultado mais importante. Saber navegar facilmente enquanto se prepara uma refeição ou se arrumam utensílios ou mantimentos, mas mantendo as notas estéticas e de rigor, são os conceitos que permitem a Commerzn continuar à procura da inovação sobre este tema tão especial.

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